Vida víl, tudo está torto
Na virtude o profano
Uma vida sem cara, sem dia ou ano
No outro o homem se vê morto.
Na vida o altruísmo segue
Tão cristão, tão barroco, tão louco
Expressões de um ser mouco
Visões antigas que não há quem negue.
Mas a quem devo ser caridoso
A mim que necessito
Ou com aquele que comigo é ocioso?
Altruísmo? Com ele morro e inexisto
A insensatez dessa hipótese me tira o tom harmonioso
E após isso noto que em mim mesmo habito.
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
A volta de Pasárgada
Vou embora de Pasárgada
Lá o rei morreu
Não tenho mais nada que quero
Só me resta ser ateu.
sexta-feira, 9 de novembro de 2007
Pneumotórax
Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
- Diga trinta e três.
- Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
- Respire.
- O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
- Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
(Manuel Bandeira)
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